Um Pouco do Histórico para Compreender a Evolução da Endodontia

  Artigo, 08 de Out de 2010

O uso de substâncias químicas, com o intuito de auxiliar na limpeza dos canais, teve início a partir de l936, quando Walker sugeriu, pela primeira vez, o uso do hipoclorito de sódio (depois comercializado como Líquido de Dakin a 0,5%, de  Miltom a 1%, Licor de Labarraque a 2.5% e Soda Clorada a 5.25%), que reinou soberanamente até a pouco tempo. Somente a partir de meados de 90, é que surgiu uma promissora opção, como meio auxiliar da instrumentação, a clorexidina a 2%, na forma de gel, usada alternadamente com o soro fisiológico.

Quanto ao preparo dos canais radiculares, a história já é bem mais recheada de eventos. A começar por Hauerbach (limpeza, 1953) e Hauer (técnica seriada, 1963), seguidos por Mullaney e Patrick (Step-Back, 1968); Schilder (limpeza e modelagem afunilada, 1974); Marshall e Pappin (crown-down ou Step-Down, 1978); Mullaney, 1979 e Goerig e col., 1982 (hibridismo de Crown-Down e Step-Down). Os instrumentos endodônticos, inicialmente fabricados em aço-cromo, passaram a ser produzidos em aço-inox em meados da década de 70. Em 1988, Valia e col., preconizaram a liga de NiTi na produção de limas endodônticas, materializando o ponto de partida para concretizar a tão sonhada instrumentação rotatórias dos canais radiculares. Daí em diante, os instrumentos foram sofrendo sucessivas modificações no design, taper e seriação, aliados a motores com redução de velocidade e de torque baixo e controlado, entre eles o EasyEndo e o MTwo,  permitindo a programação para cada sistema de limas, não importa se do sistema Hero 642, K3, Protaper, Miltex ou outro qualquer, propiciando segurança e rapidez na instrumentação dos canais radiculares.

A medicação intracanal, considerada tão importante no início da história da endodontia, como parte integrante do tratamento de canal, foi, contínua e paulatinamente perdendo o seu valor; enquanto que o tratamento endodôntico, que demandava múltiplas sessões, passou, sempre que tecnicamente possível, a ser realizado em uma só vez.

A odontometria, antes radiológica, tornou-se mais rápida e precisa com o uso dos localizadores apicais eletrônicos. Enquanto que as obturações, prevalentemente realizadas com guta-percha a frio, pela técnica da condensação lateral, cedeu lugar às técnicas de termoplastificação, entre as quais, preponderou a da Onda Contínua de condensação da guta-percha termoplastificada, com o uso do System B (Técnica de Schilder modificada por Buchanan em 1996), por ser, além de  rápida, a mais eficaz. Outra mudança importante, como conseqüência da verificação da micro-infiltração coronária, nos idos do final de 80, constituiu-se na exigência do preenchimento imediato da cavidade coronária, com material restaurador definitivo, como parte imprescindível para a conclusão do tratamento dos canais radiculares, que além de reforçar as estruturas da coroa dental, vai prevenir a micro-infiltração.

No tocante aos materiais endodônticos, a grande novidade foi a sugestão do uso do MTA (agregado de tri-óxido mineral), comprovadamente benéfico e efetivo no selamento das perfurações (trepanações) e no selamento apical imediato de dentes com rizogênese incompleta (apicificação).

Paralelamente, à incorporação de todas estas importantes inovações tecnológicas, outro fato importante foi a adoção do uso da microscopia clinica, valioso instrumento para a ampliação da visibilidade operacional do Endodontista, além da possibilidade de poder contar também com o Rx digital.

Neste contexto, a qualificação do Endodontista deve ser muito mais consistente, pois ele, atualmente, tem que ter um perfil caracterizado pelas seguintes funções clínicas de que é capaz de executar:

  • Diagnóstico e planejamento técnico em função do grau de dificuldade de cada caso;
  • Tratamentos endodônticos de baixo, médio e alto graus de dificuldades técnicas;
  • Tratamentos de canais com instrumentos fraturados ou com perfurações da parede ou da furca;
  • Retratamentos endodônticos, com ou sem remoção de próteses;
  • Atendimentos de emergências de pulpites, pericementites, abscessos apicais e casos de traumatismos dentais;
  • Cirurgias parendodônticas;
  • Clareamento de dentes manchados;
  • Preparo de espaço intra-radicular e colocação de retentores (pinos/núcleos), em fibra de vidro reforçados com resina ou fundidos.

Certamente, num futuro não muito distante, apenas e tão somente o enquadramento neste perfil, assegurará o sucesso profissional do endodontista. Por esta razão, a escolha deste ou daquele curso de especialização, torna-se crucial para o atendimento das expectativas e assegurar o retorno ao esforço, investimento e gasto de tempo, que não são poucos.

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Patrick Baltieri

Cirurgião-Dentista

 Piracicaba, SP

Realiza exclusivamente a endodontia, atuando em conjunto com o dentista indicador para o desenvolvimento de um plano de tratamento adequado às necessidades individuais do... Leia mais

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