Uma Breve História da Anestesiologia Local

  Artigo, 23 de Fev de 2012

Na antiguidade, devido à exaustão dolorosa dos pacientes, o cirurgião deveria ser extremamente rápido. Isso por sua vez, intrigava a grande maioria dos executores e desde então, foram reparados os primeiros avanços da anestesia. Antes da era moderna, apenas um cirurgião chinês, um indiano e alguns gregos e romanos relatavam associação entre alívio da dor e cirurgia.

No século XII um alquimista espanhol chamado Raimundo Lúlio descobriu o éter e somente séculos mais tarde passou a ser conhecido como anestésico. Já no século XVI, Paracelso, alquimista e médico suíço, utilizou o éter em um trabalho experimental em animais, objetivando o alívio da dor. Após este teste, ele utilizou o éter para suplantar a dor em pacientes.. Além do éter, outro grande avanço se deu no ano de 1772,quando o químico inglês Joseph Priestley descobriu o óxido nitroso.

Seguindo a história, Horace Wells, um dentista formado na Escola Odontológica de Harvard que, em 1845, passa a marcar época na história da Odontologia. Ele assistia a uma obra circense em que um palhaço utilizava óxido nitroso, o chamado gás do riso. Em sua apresentação, o palhaço se feriu gravemente na perna e nada sentiu. Naquele momento Wells acreditou estar diante do tão sonhado agente anestésico. Pediu para que um colega extraísse um de seus dentes, sob o efeito de óxido nitroso. Obteve sucesso, mas quando foi demonstrar para uma plateia, através de uma extração dentária em uma criança, o resultado foi distinto. Wells ficou desacreditado perante a sociedade e entrou em depressão. Recuperou-se e utilizou o óxido nitroso em quarenta pacientes. Todos estes declararam não sentir dor, sendo que estes procedimentos foram realizados perante testemunhas. Wells, por ter uma instabilidade emocional e diante de todos os fatos ocorridos, deu fim à sua própria vida.

Além de Wells, outros cientistas, disputavam o posto de descobridor da anestesia. A disputa foi tão grande que, depois de muito tempo - em 1870 -, a Associação Odontológica e a Associação Médica Norte-Americana decidiram nomear Wells o descobridor da anestesia cirúrgica. O tempo passou e vários estudos foram feitos. Em 1921, o assunto foi mais uma vez debatido no Colégio Norte-Americano de Cirurgiões e, então, o título foi dado a Crawford Long, uma vez que ele foi o primeiro a utilizar a inalação do éter como anestésico cirúrgico, sendo que este médico, de uma pequena cidade americana, não tornou pública a utilização do éter. Ele só fizera o relato anos após a utilização, quando outros dois dentistas e um médico solicitavam que fosse dado a eles o título de descobridor (FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000).

Na história da anestesia local, o primeiro anestésico relatado foi a cocaína, em 1860 por Nieman, na Alemanha. Em 1868 foi descrito o potencial do uso da cocaína para anestesia local por Moreno y Maiz, mas somente em 1884 Koller a utilizou para realizar uma anestesia tópica no olho. Ritsert em 1890 identificou a cocaína como um derivado do ácido benzóico, o que possibilitou a síntese da benzocaína. Einhorn e Braun, em 1905, conseguiram através do ácido para-aminobenzóico sintetizar a procaína, um anestésico mais hidrossolúvel e menos tóxico que a benzocaína que também era compatível com o uso sistêmico. Foi então em 1943 que Löfgren iniciou a era dos anestésicos locais do tipo amida, praticamente isentos de reações alérgicas, sintetizando a lidocaína através do ácido dietil-aminoacético (CARVALHO, 1994). Em 1884 foi realizada a primeira anestesia regional na cavidade oral, utilizou-se a cocaína e foi realizada pelo cirurgião Halsted, quando removeu um fragmento dentário sem dor. Em 1905 foi sintetizada pela primeira vez a procaína, anestésico do tipo éster que foi largamente utilizado durante quatro décadas (RAHN, 2001). A prilocaína foi sintetizada pela primeira vez 1953 por Lofgren e Tegnér, sendo apenas em 1960 descrita (MALAMED, 2005).

Outro grande avanço foi quando Heinrich Braun, em 1897 adicionou soluçao de epinefrina à cocaína. A epinefrina causava vasoconstrição, o que causava uma menor absorção do anestésico, diminuindo a toxicidade do mesmo. Esta vasoconstrição, por diminuir o suprimento sanguíneo da região, aumentava a duração do efeito anestésico. Hoje em dia a cocaína não é mais utilizada para fim anestésico, pois foi substituída por outros anestésicos (FRIEDMAN; FRIEDLAND, 2000). Além de causar a diminuição do fluxo sanguíneo, os vasoconstritores causam elevação do efeito do anestésico, aumentam o período de efetividade, no entanto também causam uma elevação da pressão arterial em pacientes com doenças cardiovasculares (SUNADA et al., 1996).

Goldman, Ajl e Seleghini (1993) referem que nas ultimas décadas várias pesquisas vem sendo feitas no campo da anestesiologia. A busca por novas soluções vem sendo estimulada para proporcionar ao pacientes mais conforto com menos dor. Pois é essencial para um bom exercício da odontologia que os procedimentos sejam realizados com a ausência da dor.

Referências

FRIEDMAN, M.; FRIEDLAND, G. W. Crawford Long e a anestesia cirúrgica. In:_____. As dez maiores descobertas da medicina. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 141-169

CARVALHO, José Carlos Almeida. Farmacologia dos Anestésicos Locais. Revista Brasileira de Anestesiologia. v.44, n.1, p. 75-82, 1994.

RAHN, Rainer. Local Anesthesia in Dentistry: Articaine and Epinefphrine for Dental Anesteshia. Disponível em: http://multimedia.3m.com/mws/mediawebserver?66666UuZjcFSLXTt4XfynxMaEVuQEcuZgVs6EVs6E666666--

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Dr. Henrique Trott

Cirurgião-Dentista

 Cerro Largo, RS

Clínico Geral, com duas Atualizações em Cirurgia Oral Menor e Especializando em Prótese Dentária!

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