Biossegurança no Consultório Odontológico

  Artigo, 26 de Set de 2010

Biossegurança no Consultório Odontológico

Em todos os instrumentos odontológicos, dos mais simples aos mais sofisticados, esconde-se um universo imenso de microorganismos patogênicos.

Alguns estudos demosntram que os germicidas quando entram em contato com os lubrificantes das pontas de alta e baixa rotação, perdem a ação, e ainda, sugerem que esses lubrificantes estariam permitindo a proliferação de microorganismos.

A flora bucal abriga em média 300 diferentes microorganismos.

O protocolo de Biossegurança deve ser seguido, não só para proteção do paciente como do próprio profissional.

Consta como parte da biossegurança o uso de equipamentos e materiais por parte do profissional e equipe auxiliar como: máscaras descartáveis, gorros descartáveis, luvas de procedimento e cirúrgicas, protetor de pontas descartáveis (alta e baixa rotação e outras pontas auxiliares), agentes químicos de desinfecção e esterilização de superfícies e instrumentais, filme plástico para cobertura de áreas tocadas durante os procedimentos (deve ser trocado a cada paciente), antissépticos para o paciente fazer bochecho antes de qualquer procedimento.

É aconselhável que o profissional e sua equipe tomem vacinas contra:

Hepatite B

Sarampo

Rubéola

Parotidite

Tétano (mesmo que o risco seja quase nulo)

Enquanto na população em geral a hepatite B apresenta-se em torno de 4%, entre os profissionais de odontologia gira em torno de 13%

Vejamos alguns procedimentos importantes para a segurança do CD, auxiliares e pessoal de laboratório de prótese:

MOLDAGENS COM FINALIDADE PROTÉTICA

Antes de serem enviados ao laboratório, os moldes  e modelos devem ser limpos e desinfetados para remoção de saliva, sangue e outras sujidades.

Sendo assim, mercaptanas, siliconas, poliésteres, gesso e hidrocolóides devem ser desinfetados através de imersão em líquido desinfetante

Sempre faça  as moldagens e vaze o gesso utilizando EPI, principalmente  luvas e protetor ocular.

PONTAS DE ALTA E BAIXA ROTAÇÃO E PONTAS DE PERIFÉRICOS

Algumas podem ser autoclavadas, e essa é a melhor maneira de realizar a esterilização.

Quanto àquelas que não podem ser autoclavadas, use protetores descartáveis de látex ou filme plástico. Os de látex existentes no mercado, oferecem uma eficácia grande, e vale a pena investir.

Quando associadas à desinfecção com substâncias químicas auxiliares, as barreiras de látex aumentam a eficácia contra a contaminação cruzada.

Em testes, encontraram numa única ponta de alta rotação mais de mil streptococcus do tipo mutans

Em virtude de funcionarem à base de água e ar comprimido, as pontas de alta rotação e outras, após a operação, existe um refluxo de líquidos que pode chegar até as cânulas.

Os que tem o sistema check valve, impedem esse retorno dos líquidos, mas não removem a quantidade de secreção que fica em seu interior.

O maior foco de contaminação é onde ficam as turbinas, na cabeça.

Uma das formas de se manter as pontas não autoclaváveis limpas, é uma criteriosa limpeza com água e sabão neutro para remoção de debridamentos orgânicos, e fazer a lubrificação antes do empacotamento em  “luva” com solução desinfetante (dependendo do tipo de solução você vai deixar mais ou menos tempo). Há no mercado produtos com essa finalidade, onde você faz a limpeza da ponta, lubrifica e depois coloca-a dentro dessa “luva” que contém soluções desinfetantes e impedem o crescimento bacteriano. Mesmo assim, esse método não é totalmente eficaz, o ideal é ter pontas autoclaváveis.

USO DE SOBRELUVAS (LUVAS PLÁSTICAS)

Mãos calçadas com luvas já contaminadas ou não, devem ser protegidas com uma sobreluva plástica também descartável, antes de tocar qualquer coisa (gavetas, telefone, interfone, caneta, blocos, etc.), a fim de evitar a contaminação cruzada.

DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES

- IODOPOVIDINE EM SPRAY

-ÁLCOOL 70  EM SPRAY - APLICAR  2 VEZES

CLORETO DE BENZALCÔNIO – SPRAY

ÁLCOOL GEL 70

LENÇÓIS DE CLORHEXEDINE

-ÁCIDO PERACÉTICO (É O MAIS EFICAZ QUANDO COMPARADO A OUTROS AGENTES QUÍMICOS)

CLORHEXEDINE 2% + ÁLCOOL 70 EM SPRAY (É O SEGUNDO MAIS EFICAZ QUANDO COMPARADO A OUTROS AGENTES QUÍMICOS)

OBS: HIV – PERMANECE VIVO FORA DO ORGANISMO POR  72 HORAS

HBV - PERMANECE VIVO FORA DO ORGANISMO POR 2 SEMANAS

LIMPEZA DE MOLDES E MODELOS

IODÓFIROS OU HIPOCLORITO 1% - IMERSÃO POR 10 MINUTOS

ÁCIDO PERACÉTICO – IMERSÃO POR 10 MINUTOS

Tanto as imersões em ácido peracético como em hipoclorito apresentam boa estabilidade dimensional , sem mostrar diferenças clinicamente relevantes quando imersos nos diferentes produtos, desde que obedecido o tempo de imersão.

LIMPEZA DE PRÓTESES E APARELHOS ORTODÔNTICOS

HIPOCLORITO 1% - IMERSÃO POR 10 MINUTOS PARA DESINFECÇÃO

- IMERSÃO POR 30 MINUTOS PARA ESTERILIZAÇÃO

DIGLUCONATO DE CLORHEXEDINE 10%  – IMERSÃO POR 10 MINUTOS

VINAGRE 30% - IMERSÃO POR 30 MINUTOS PARA PRÓTESES TOTAIS

OUTRAS OBSERVAÇÕES:

GLUTARALDEÍDO

É cancerígeno e tóxico ao meio ambiente, já está proibido em diversas localidades brasileiras

ÁCIDO PERACÉTICO

É esporocida, bactericida, virucida, esteriliza em 30 minutos e é seguro para o profissional

DETERGENTE ENZIMÁTICO

Utilizado para desinfecção e limpeza de terminal, não destrói os microorganismos – 5 a 10 minutos de imersão.

CAMPOS DE TNT

Podem ser esterilizados em autoclave, desde que devidamente embalados (não colocar os campos  de TNT sem embalagem na autoclave, e não tentar esterilizar os mesmos em estufa)

ESTUFA

17Oº - 1 hora

160º - 2 horas

Um erro que muitas pessoas comentem, é em relação a esse tempo, que deve ser contado somente após a estufa atingir a temperatura ideal.

Usar sempre o termômetro de bulbo para ter certeza que a temperatura indicada no termostato  está correta.

PAPEL ALUMÍNIO

É uma ótima opção para embalar e esterilizar, a ainda pode servir de barreira em alças de refletores, puxadores de gavetas, etc. Tem a vantagem de poder ser esterilizado antes do uso (descartável).

ARMAZENAGEM EM GAVETAS OU ESTUFA

Deve-se obedecer as seguintes medidas, no máximo 50 cm abaixo do teto e no mínimo 30 cm acima do piso.

Validade de 7 dias.

ISOLAMENTO ABSOLUTO

Oferece 80% de proteção ao dentista

POLIMENTO E PROFILAXIA

Dar preferência a taças e cones de borracha, as escovas retém muitos microorganismos)

PORTA RESÍDUOS

Eliminar o uso de porta resíduos. O ideal é utilizar um saquinho plástico à cada paciente para descartar algodão, gaze e outros.

LUVAS

Streptococcus passam pelas luvas. Após uma hora de uso, o ideal é trocá-las por um novo par.

Não esquecer que deve-se usar sobreluvas plásticas quando quiser tocar objetos como gavetas, telefones, etc.

Para lavagem do instrumental, utilizar luvas grossas de borracha.

LAVAGEM DE ROUPAS

Lavar em local separado das roupas de casa com hipoclorito 1:5

FERIMENTOS

Lavar sem esfregar, não utilizar hipoclorito na lavagem, apenas água e sabão neutro.

Hospital Municipal - Teste rápido de HIV, Teste de HBV

BOCHECHOS

Antes de qualquer procedimento, pedir ao paciente que faça bochecho de 15 a 30 segundos com solução antisséptica (Periogard é bem indicado para essa finalidade)

LAVAGEM DAS MÃOS

1.  Retirar anéis, pulseiras e relógio.

2.  Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar na pia.

3.  Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão. O sabão deve ser líquido e hipoalergênico.

4.  Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos.

5.  Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos (o uso de escovas deverá ser feito com atenção).

6.  Os antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também por 15 segundos.

7.  Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente abundante, retirando totalmente o resíduo do sabão.

8.  Enxugar as mãos com papel toalha.

9.  Fechar a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou utilizar o papel toalha; ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for fotoelétrica. Nunca use as mãos.

10.EM CASO DE CIRURGIAS O SABÃO DEVE TER AÇÃO ANTISSÉPTICA TAMBÉM.

ÓCULOS DE PROTEÇÃO

Sempre utilizar óculos de proteção durante os procedimentos, e se possível oferecer ao paciente também.

É de suma importância o uso de sabonete líquido, toalhas descartáveis, lixeira com pedal, torneira acionada por pedal, luvas e sobreluvas, pias separadas para lavagem das mãos e lavagem de instrumental, e uso de recipiente rígido para descarte de agulhas e materiais pérfuro-cortantes,que deverão juntamente com o lixo contaminado, serem recolhidos através de  coleta especial da sua cidade.

Sheila Cristiane

Referências

biossegurança, lavagem, agentes químicos, esterilização, desinfecção

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Autora

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Dra. Sheila Rodrigues

Cirurgiã-Dentista

 Itanhaém, SP

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