Um Pouco Sobre a Odontogeriatria e sua Participação na Melhora da Qualidade de Vida dos Idosos

  Artigo, 21 de Set de 2010

A Odontogeriatria é uma nova área para a Odontologia no Brasil, mas no mundo já é comentada desde meados do século passado, nos E.U. A., por colegas do quilate de Saul Kamen e posteriormente por Ronald Ettinger e James Beck e colab. (EUA), Barnes e Walls (Inglaterra) e Holm-Pedersen e Loe (Suécia/EUA), seguido por Drummond e colab (Escócia), Ainamo e Narhi (Finlândia), Budtz-Jorgensen e Muller (Suíça) Montoya (Espanha), e outros, por todo o mundo (1).

No Brasil, desde a década de 70, já se observara artigos sobre o tema, o trabalho de campo do SESC (SP), Vieira, Birman e Novelli (SP), Bellagamba e Storch (RS), Badra (SP) e encerrando o século e começando o novo milênio notaram-se os trabalhos de Conrado e Kina (PR), Padilha, Madeira, Baldisserotto e colab (RS), Jitomirskis (PR)), Werner (SP), Brunetti e Montenegro (SP), Tibério e Sequeira (SP), Marchini e colab (SP), Pucca Jr.(PR), Tim (SP), Cormack (RJ), Dunkerson (pela www.), Arteche e Boeckel (RS), Neves (PR), Pastre (PR), Gonçalves (SC), Túlio (MG), Tin (SP), Frigério. (SP), Dias (SP), Moura (SP), Chiarello (SP), Lucimar (SP), Miranda (DF), Parra (DF), Hebling (SP), Scelza (RJ), Oleiniski (SC), Gonçalves (MG) e muitos outros, que podemos ter omitido aqui, mas que ajudaram e ajudam a formar uma massa crítica muito importante para o desenvolvimento da Odontogeriatria neste início de século (1,2).

Reiteramos nossa propositura, já afirmada em outros trabalhos e palestras, que esta nova área pertence ao clínico geral, devidamente conhecedor das particularidades da odontologia para a terceira idade, mas, infelizmente, a área é pouco ensinada nos cursos de graduação brasileiros, o quê precisa ser mudado com urgência, pois de 17 a 20 milhões de idosos devem ser corretamente atendidos.

O grande desafio que enfrentamos é uma mudança do paradigma bucal do idoso brasileiro: de um belo par de Próteses Totais bem confeccionadas (e usadas por eles) no século passado para um idoso que alcança os 70/80/90 anos com vários elementos dentários em sua cavidade bucal e que necessitará não de apenas de reembasamentos das próteses que usem, mas de um verdadeiro programa preventivo voltado para a terceira idade. Esta é a grande meta deste século.

Também enfatizamos a importância de se ter uma dentição (natural ou com próteses) em perfeito funcionamento, em nome da ingestão de bons nutrientes, para a formatação adequada de bolo alimentar com um claro ganho na saúde geral do indivíduo e por decorrência mais um fator para o aumento da expectativa de vida das pessoas.

Salientamos que atender idosos é muito mais que meramente um desenvolvimento de habilidades técnicas específicas e sim abrir suas percepções para o ser humano que está à sua frente, para o qual ir ao dentista é um programa e uma troca de experiências pessoais e não simplesmente agir como um mero prestador de serviços.

Deve-se, igualmente, deixar claro que o convívio com os médicos e com os demais profissionais que cuidam do paciente ,mais do que uma troca de dados clínicos, é um momento grandioso de integração na área de saúde, que as superespecializações dos dias atuais eliminaram, mas que precisa retornar em nome de um melhor servir aos idosos.

O problema de uso dos fármacos com implicações na cavidade bucal é outro aspecto vital e diferencial no diálogo com os médicos e um meio eficiente de fazer com que as próteses possam funcionar mais eficientemente e propiciarem a ingestão de bons alimentos e que ,quando bem dentado for o paciente, possamos obter um controle de placa bacteriana efetivo sem interferências do menor fluxo salivar causado pela maioria dos medicamentos usados na Terceira Idade.

A preocupação excessiva com materiais restauradores específicos, “up to date” e altamente cosméticos para os idosos é secundária, uma vez que esta não é à vontade ou necessidade real destes pacientes, devendo o maior foco se concentrar na função mastigatória e suas repercussões sistêmicas e não apenas na estética, normalmente priorizada por jovens e adultos, mas, na maioria dos casos, distante das prioridades daqueles situados na Melhor Idade.

O papel da família, amigos e cuidadores dos idosos,bem como a importância de se manterem ativos e integrados em suas famílias,comunidades e força de trabalho, mesmo que de voluntariado, foi também alvo de matérias diversas publicadas em revistas e na internet, sem deixar de destacar o papel da educação continuada por toda a vida por meio das Universidades Abertas da 3a Idade, que existem por todo o Brasil.

Um auspicioso mercado de trabalho encontra-se na sua frente: basta VOCÊ – Profissional da área de saúde-querer desbravá-lo em suas potencialidades e com a seriedade necessária.

A busca da felicidade dos idosos deve ser o objetivo maior de toda a rede de suporte social para que se obtenha uma qualidade de vida ideal.

Fernando Luiz Brunetti Montenegro*

Ruy Fonseca Brunetti**

*Mestre e Doutor pela USP, Atualização em Gerontologia pela FMUSP, Coordenador do Curso de Especialização em Odontogeriatria da ABENO e ABO, em São Paulo. Prof.Adjunto. na UnG.

**Doutor pela Faculdade de Medicina da USP, Prof. Emérito da UNESP, Consultor em Odontogeriatria (“in memoriam”).

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