Declaração da Academia Americana de Pesquisa Odontológica Sobre Dtm

  Artigo, 28 de Jul de 2010

NZAO Newsletter Volume 24 Number 2, June 2010

Announcement of New Science Information Statement on TMDS

Approved by American Association for Dental Research (AADR) – March 2010

Management of Patients with TMDs:

A New “Standard of Care”

O campo das Disfunções Têmporo-Mandibulares (DTM) é bastante conhecido por ser um dos assuntos mais controversos na Odontologia. A literatura científica produzida durante os últimos 25 a 30 anos tem direcionado nossa profissão para um modelo médico de diagnóstico e tratamento das DTM. Adicionalmente, tem sido amplamente aceito que esses pacientes devem ser vistos dentro de uma perspectiva biopsicosocial, na qual o atendimento clínico deve ser suplementado com abordagens comportamentais. Finalmente, tem se tornado claro que uma minoria de pacientes de DTM será resistente ao tratamento e se tornarão pacientes crônicos; isto resultou em grande quantidade de pesquisas direcionadas para se desvendar a complexidade desse acontecimento. Estas conclusões são amplamente aceitas entre os pesquisadores clínicos, mas argumentos contrários persistem entre os clínicos que atuam nessa área, levando a um inaceitável distanciamento entre a ciência e a prática clínica em muitas situações. Obviamente, as maiores vítimas dessa situação são os pacientes sofredores de DTM, pois seu destino é grandemente determinado por quem eles consultam para avaliar seu problema.

Em uma tentativa de proporcionar algum direcionamento para conduta adequada nessa área, vários grupos têm tentado desenvolver e apresentar diretrizes para o diagnóstico e tratamento das DTM. No entanto, mesmo as diretrizes mais reconhecidas (publicadas pela American Academy of Orofacial Pain – AAOP) são, no final, criticadas como sendo paroquiais ou políticas. Em alguns países, as associações odontológicas locais tem produzido diretrizes para os clínicos que atendem pacientes de DTM; infelizmente, o mesmo não ocorre nos EUA.

Uma primeira tentativa de preencher este vazio nos EUA ocorreu em 1996, quando a American Association of Dental Research (AADR) aprovou uma “Declaração de Informação Científica” sobre o diagnóstico e tratamento das DTM. Esta declaração, relativamente fraca, não apresentou muito impacto; então, ao longo dos últimos anos, um comitê do Grupo de Neurociências da AADR tem trabalhado para atualizar a declaração original. Em 3 de março de 2010 o Conselho de Diretores da AADR deu sua aprovação final para o texto atualizado, que é reproduzido a seguir. Este texto é baseado em uma cuidadosa revisão da literatura sobre modalidades de diagnóstico e abordagens de tratamento, e foi aprovado em todos os níveis do Grupo de Neurociências, Comitê de Informação Científica, e finalmente o Conselho da AADR, em um processo que levou cerca de três anos.

Portanto, a publicação desta nova “Declaração sobre as DTM” deve ser considerada como o mais próximo atualmente de um verdadeiro “padrão de atendimento” nesta área de litígio. Ela é apresentada aqui para que os leitores a incorporem em suas práticas clínicas. Na medida em que isto ocorrer, novos pacientes de DTM correrão um menor rico de tratamento inapropriado e, portanto, com maior chance de encontrar o profissional que eles realmente necessitam.

E para quem ainda não leu:

Declaração de revisão política da Associação Americana de Pesquisa Odontológica (AADR) sobre Disfunção Temporomandibular (DTM).

Aprovada no Conselho da instituição em 3/3/2010.

(AADR) reconhece que as Disfunções Temporomandibulares (DTM) englobam um grupo de condições musculoesqueléticas e neuromusculares envolvendo as articulações temporomandibulares (ATM), os músculos mastigatórios, e todos os tecidos associados. Os sinais e sintomas associados com essas disfunções são diversos, e podem incluir dificuldade em mastigar, falar, ou em outras funções orofaciais. Estão frequentemente associadas com dor aguda ou persistente, e o paciente também pode sofrer de outras desordens dolorosas (comorbidades). As formas crônicas das DTM dolorosas podem acarretar afastamento ou incapacidade no trabalho ou em atividades sociais, resultando em diminuição da qualidade de vida de forma geral.

Baseado em evidências derivadas de pesquisas clínicas bem como estudos experimentais e epidemiológicos:

1)      recomenda-se que o diagnóstico diferencial das DTM ou condições dolorosas orofaciais relacionadas deve basear-se primariamente em informações obtidas a partir da entrevista do paciente (anamnese), exame clínico e, quando indicado, exames radiográficos das ATM ou outros procedimentos imageológicos. A escolha de procedimentos diagnósticos adjuvantes deve ser baseada em dados publicados, revisados independentemente (“peer-reviewed”), que demonstrem sua eficácia diagnóstica e segurança. No entanto, o consenso da literatura científica recente sobre dispositivos eletrônicos atualmente disponíveis para o diagnóstico das DTM é que, exceto para várias modalidades imageológicas, nenhum deles demonstra sensibilidade ou especificidade necessárias para se distinguir indivíduos normais de pacientes de DTM ou para distinguir diferentes subgrupos de DTM. Atualmente,procedimentos médicos usuais de diagnóstico ou testes laboratoriais usados para a avaliação de condições similares de natureza ortopédica, reumatológica e neurológica podem também ser usados quando indicados em pacientes de DTM. Adicionalmente, vários testes psicométricos padronizados e validados podem ser usados para a avaliação da dimensão psicossocial de cada paciente de DTM.

2)      recomenda-se enfaticamente que, a menos que existam indicações específicas e justificadas para o contrário, o tratamento inicial das DTM deve ser baseado no uso de modalidades terapêuticas conservadoras, reversíveis e baseadas em evidências. Estudos sobre a história natural de muitas DTM sugerem que elas tendem a melhorar ou se resolver com o passar do tempo. Apesar de nenhuma terapia específica ser uniformemente efetiva, muitas das terapias conservadoras provaram ser no mínimo tão efetivas em proporcionar alívio sintomatológico quanto as formas de tratamento invasivas. Pelo fato dessas modalidades terapêuticas não produzirem modificações irreversíveis, elas apresentam muito menos risco de causar malefício. Ao tratamento oferecido pelo profissional deve-se adicionar um programa de cuidados domiciliaresem que o paciente é ensinado sobre seu problema e como ele pode controlar os sintomas.

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Autora

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Juliana Barbosa

Cirurgiã-Dentista

 Franca, SP

Doutora em Ciências Odontológicas Aplicadas, área de concentração Reabilitação Oral na Faculdade de Odontologia de Bauru - USP, sob orientação do Prof. Dr. Paulo César... Leia mais

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