Atendimento Odontológico a Pacientes com Endocardite Bacteriana

  Artigo, 26 de Mai de 2011

*Decidi escrever um pouco sobre esse tema devido a importância de os dentistas e estudantes de Odontologia identificarem pacientes de alto risco a desenvolver Endocardite Bacteriana. Identificando o risco, pode-se adotar medidas de prevenção da doença.

A Endocardite Bacteriana é uma infecção séria das válvulas cardíacas ou das superfícies endoteliais do coração. Para o desenvolvimento da doença, é necessário que haja:

  • Bacteremia (bactérias circulando no sangue)
  • Alguma doença cardíaca que predisponha ao seu aparecimento.

Em pessoas com válvulas cardíacas normais, a presença de bactérias circulando no sangue não causa danos, já que as células de defesa destroem as bactérias. Porém, quando o indivíduo possui doença das válvulas, os microorganismos podem se alojar no endotélio do coração e se multiplicarem.

PATOGÊNESE

A lesão característica  da doença é a vegetação (Figura 01). Esta é formada quando há uma lesão endocárdica devido a um defeito cardíaco. Acontece então a agregação de plaquetas e fibrina para a formação do trombo. Porém, com a bacteremia, há a colonização de bactérias, formando a vegetação.

Portanto, esta é composta basicamente de bactérias, células inflamatórias e coágulos sangüíneos.

FATORES DE RISCO

Os indivíduos com alto risco de bacteremia são aqueles que possuem:

  • Cardiopatias Congênitas Cianogênicas
  • Valvulopatia Reumática
  • Valvopatias aórticas
  • P.C.A. e C.I.V.
  • Coarctação da aorta
  • Próteses valvares
  • História de Endocardite bacteriana

É importante saber que as intervenções dentárias constituem a causa principal de bacteremia transitória, podendo causar  Endocardite Bacteriana.

Os tipos de manipulação dentária que podem causar bacteremia são:

  • Exodontia
  • Gengivectomia
  • Curetagem
  • Profilaxia
  • Escovação
  • Manipulação endodôntica
  • Mastigação de parafina
  • Simples movimentos oscilatórios do dente

Como consequências de bacteremia que a manipulação dentária pode causar, estão algumas: Artrite, Glomerulonefrite, Insuficiência Valvular, Abscesso do miocárdio, ICC, Defeito de condução, Complicações embólicas no rim, cérebro e baço. (Esquema 01)

Sabendo-se do perigo de causar uma bacteremia no paciente mesmo com simples manipulações, o dentista deve utilizar em qualquer paciente que se acredita estar correndo risco de endocardite bacteriana, alguma forma de profilaxia com antibióticos antes de qualquer procedimento.

As drogas escolhidas devem ser:

  • Dirigidas aos microrganismos geralmente encontrados na cavidade oral;
  • Bactericidas;
  • Administradas durante um tempo adequado antes da intervenção para obter a concentração máxima no momento do procedimento ou cirurgia;
  • Não devem ser administradas por longo período, para que não se desenvolvam microrganismos resistentes;
  • A administração deve permanecer por algum tempo após o procedimento, permitindo a cicatrização dos tecidos.

Recomendação de profilaxia da Associação Americana de Cardiologia (Tabela 01)

Observações:

A amoxicilina é escolhida por ser melhor absorvida pelo trato gastrintestinal e fornecer concentrações séricas mais elevadas e mantidas. Contudo, também é aceitável a escolha da penicilina V em lugar da amoxicilina.

Os pacientes alérgicos às penicilinas devem ser tratados com um esquema alternativo por via oral. São recomendados o etilsuccinato de eritromicina e o estearato de eritromicina devido à reabsorção mais rápida e segura, do que outras fórmulas de eritromicina.O estearato de eritromicina deve ser administrado em jejum.

Para pessoas que não toleram penicilinas e eritromicina, é recomendado o cloridrato de clindamicina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação dentária depende de uma detalhada história e de avaliação do  cardiologista com orientação quanto a necessidade de profilaxia antibiótica. A história deve incluir perguntas sobre sopros cardíacos, cardiopatias congênitas, febre reumática, doença das válvulas cardíacas, infecção prévia de uma válvula cardíaca e cirurgia vardiovascular.

Espero que este resumo sirva para vocês! ;D

Isabela Carvalho

Fotos do artigo

Referências

CECIL, R.L.; GOLDMAN, L.; BENNETT, J.C.;  Tratado de medicina interna. 21. ed. -. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2001. 2 v. SILVA, V.M.F.Q.; Endocardite infecciosa. Disponível em:http://www.fmt.am.gov.br/manual/endocardite.htm.

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Dra. Isabela Carvalho

Cirurgiã-Dentista

 Concórdia, SC

Dra. Isabela Carvalho é Cirurgiã-Dentista em Concórdia, SC - Brasil. Possui graduação em odontologia pela FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador. Atua como... Leia mais

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