Dra. Isabela Carvalho de Moura Santos
Concórdia, SC
*Decidi escrever um pouco sobre esse tema devido a importância de os dentistas e estudantes de Odontologia identificarem pacientes de alto risco a desenvolver Endocardite Bacteriana. Identificando o risco, pode-se adotar medidas de prevenção da doença.
A Endocardite Bacteriana é uma infecção séria das válvulas cardíacas ou das superfícies endoteliais do coração. Para o desenvolvimento da doença, é necessário que haja:
Em pessoas com válvulas cardíacas normais, a presença de bactérias circulando no sangue não causa danos, já que as células de defesa destroem as bactérias. Porém, quando o indivíduo possui doença das válvulas, os microorganismos podem se alojar no endotélio do coração e se multiplicarem.
PATOGÊNESE
A lesão característica da doença é a vegetação (Figura 01). Esta é formada quando há uma lesão endocárdica devido a um defeito cardíaco. Acontece então a agregação de plaquetas e fibrina para a formação do trombo. Porém, com a bacteremia, há a colonização de bactérias, formando a vegetação.
Portanto, esta é composta basicamente de bactérias, células inflamatórias e coágulos sangüíneos.
FATORES DE RISCO
Os indivíduos com alto risco de bacteremia são aqueles que possuem:
É importante saber que as intervenções dentárias constituem a causa principal de bacteremia transitória, podendo causar Endocardite Bacteriana.
Os tipos de manipulação dentária que podem causar bacteremia são:
Como consequências de bacteremia que a manipulação dentária pode causar, estão algumas: Artrite, Glomerulonefrite, Insuficiência Valvular, Abscesso do miocárdio, ICC, Defeito de condução, Complicações embólicas no rim, cérebro e baço. (Esquema 01)
Sabendo-se do perigo de causar uma bacteremia no paciente mesmo com simples manipulações, o dentista deve utilizar em qualquer paciente que se acredita estar correndo risco de endocardite bacteriana, alguma forma de profilaxia com antibióticos antes de qualquer procedimento.
As drogas escolhidas devem ser:
Recomendação de profilaxia da Associação Americana de Cardiologia (Tabela 01)
Observações:
A amoxicilina é escolhida por ser melhor absorvida pelo trato gastrintestinal e fornecer concentrações séricas mais elevadas e mantidas. Contudo, também é aceitável a escolha da penicilina V em lugar da amoxicilina.
Os pacientes alérgicos às penicilinas devem ser tratados com um esquema alternativo por via oral. São recomendados o etilsuccinato de eritromicina e o estearato de eritromicina devido à reabsorção mais rápida e segura, do que outras fórmulas de eritromicina.O estearato de eritromicina deve ser administrado em jejum.
Para pessoas que não toleram penicilinas e eritromicina, é recomendado o cloridrato de clindamicina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação dentária depende de uma detalhada história e de avaliação do cardiologista com orientação quanto a necessidade de profilaxia antibiótica. A história deve incluir perguntas sobre sopros cardíacos, cardiopatias congênitas, febre reumática, doença das válvulas cardíacas, infecção prévia de uma válvula cardíaca e cirurgia vardiovascular.
Espero que este resumo sirva para vocês! ;D
Isabela Carvalho
CECIL, R.L.; GOLDMAN, L.; BENNETT, J.C.; Tratado de medicina interna. 21. ed. -. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2001. 2 v. SILVA, V.M.F.Q.; Endocardite infecciosa. Disponível em:http://www.fmt.am.gov.br/manual/endocardite.htm.
Dra. Isabela Carvalho é Cirurgiã-Dentista em Concórdia, SC - Brasil. Possui graduação em odontologia pela FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador. Atua como... Leia mais
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