Agenesia Dentária: Relato de Caso Clínico

  Caso clínico, 29 de Mai de 2014

Resumo

A agenesia é uma das anomalias dentárias mais frequentes no ser humano. O fator genético parece exercer uma forte influência no desenvolvimento dos dentes (NEVILLE, 2009). Ela pode ser classificada como hipodontia, oligodontia ou anodontia. O termo hipodontia é usado para descrever agenesias de um a seis dentes, excluído os terceiros molares; oligodontia para a ausência de mais de seis dentes e anodontia para a ausência completa de dentes. (ARTE,2001). Alguns pesquisadores indicaram que a hipodontia é uma variante normal, sugerindo que os humanos estão em um estágio intermediário de evolução dentária. Ela correlaciona-se com a ausência de lâmina dentária apropriada. A perda de germes dentários, em muitos momentos, parece ser geneticamente controlada. Apesar disso, provavelmente o meio ambiente influencia o resultado final ou, em alguns casos, pode ser totalmente responsável pela falta da formação do dente. A lâmina dentária é muito sensível a estímulos externos e danos antes da formação do dente podem resultar em hipodontia. Trauma, infecção, radiação, quimioterápicos, distúrbios endócrinos e intrauterinos graves foram associados à ausência dos dentes (NEVILLE, 2009). Sendo assim, segundo Freitas (2004), a etiologia da agenesia dentária é multifatorial e, para o diagnóstico preciso da agenesia dentária, a radiografia exerce papel fundamental para comprovar a ausência de dentes numa idade em que deveriam estar presentes.

Depois dos terceiros molares, os segundos pré-molares e os incsivos laterais são os mais afetado (NEVILLE, 2009). Quanto mais precoce, maiores as opções de tratamento para o paciente. O planejamento do tratamento ortodôntico é um desafio, tendo em vista que pode objetivar a abertura de espaço para o implante dentário ou autotransplante e colocação de próteses ou, ainda, tracionar os dentes do arco para ocupar o espaço e lançar mãos de técnicas de reanatomização para tornar imperceptível a ausência do dente. Em contrapartida, o profissional deve ter cuidado já que ambas as opções podem comprometer tanto a função, como a saúde periodontal e estética.

  • RELATO DE CASO

Paciente R.F.F.S., 21 anos de idade, caucasiano, gênero masculino, compareceu ao atendimento odontológico da Universidade Potiguar para exame de rotina. Nos questionamentos da anamnese, foram negadas quaisquer patologias ou síndromes. Sobre a nutrição, foi dito que há uma maior ingestão de alimentos de consistência mole ou que fossem de fácil mastigação. Extraoralmente, os padrões estavam dentro da normalidade. Ao exame intraoral, a ausência do elemento dentário 22 foi observada, além de reanatomização dos elementos 13 e 23 e restauração direta para aumento de volume no 12 (Figs. 2 e 3). Ao ser questionado sobre a ausência do dente, o mesmo relatou que o dente permanente não havia irrompido, sendo realizada exodontia do decíduo e, posteriormente, tratamento ortodôntico e estético durante a adolescência. Houve relato, ainda, de histórico familiar de ausência congênita. O exame complementar de escolha para o caso foi a Radiografia Panorâmica que, por sua vez, confirmou a inexistência não só do Incisivo Lateral Superior Esquerdo, mas também dos Terceiros Molares, com exceção apenas do 18 (Fig 4). Em decorrência dos dados relatados, pôde-se perceber a predisposição genética, acrescida aos fatores relacionados aos hábitos alimentares como possíveis agentes etiológicos da agenesia. O tratamento de escolha para o caso, na época, foi de fechamento do espaço com o auxílio de mudanças estéticas para mascarar a divergência nas hemiarcadas.

Fotos do caso

Conclusão

A prevalência das agenesias dentárias é muito grande e, embora sua etiologia ainda não seja clara, diversos fatores, como genética e mudanças de hábitos estão envolvidas. O correto diagnóstico depende, principalmente, da análise da radiografia panorâmica. É importante o domínio do assunto não só para a confirmação do caso, mas também para que a patologia seja identificada precocemente, aumentando a opção de tratamentos para alcançar o melhor resultado.

Referências

ARTE, S. et. al. Characteristics of incisor-premolar hypodontia in families. J. Dent. Res., vol. 80, nº 5, p. 1445-1450, Thousand Oaks, May, 2001.

ÁLVARES, L.C.; TAVANO, O. Curso de Radiologia em Odontologia. 4ª ed. São Paulo: Santos, 2002;

BORBA, G.V.C.; BORBA JUNIOR, J. C.; PEREIRA, K. F. S. e SILVA, P. G.. Levantamento da prevalência de agenesias dentais em pacientes com idade entre 7 e 16 anos. RGO, Rev. gaúch. odontol. 2010, vol.58, n.1, pp. 35-39. ISSN 1981-8637.

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Autor

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Dr. Felipe Ferreira

Cirurgião-Dentista

 Natal, RN

Dr. Felipe Ferreira é Cirurgião-Dentista em Natal, RN.
Possui Graduação em Odontologia pela Universidade Potiguar (UnP), 2016.
Atua como Clínico Geral na Estratégia de... Leia mais

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