Saúde Bucal em Pacientes Portadores de Diabetes Tipo I Juvenil

  Artigo, 17 de Mar de 2012

O diabetes tipo I (juvenil) geralmente se apresenta na infância ou adolescência como resultado de distúrbios bioquímicos que produzem hiperglicemia e cetoacidose diabética. Este fenômeno é auto-imune, e a maioria dos pacientes possui anticorpos circulantes para a população de células endócrinas das ilhotas do pâncreas, incluindo anticorpos contra as células secretoras de insulina. A destruição dessas células leva a uma deficiência de insulina, que fica totalmente ausente, o organismo não consegue absorver a glicose, pois a função da insulina é fazer com que a glicose penetre nas células e produza energia que permite as reações químicas e metabólicas garantindo o funcionamento dos órgãos do organismo. Neste caso o tratamento consiste na aplicação da insulina (MESTRO et al, 2003).

O cirurgião dentista deve estar atento a sintomas tais como: sonolência, cansaço físico e mental, dores generalizadas, turvação da visão, perda de peso, poliúria (necessidade excessiva de urinar), polidipsia (ingestão de muito líquido) e fome excessiva (polifagia) (ORSO; PAGNONCELLI, 2002).

A literatura apresenta uma série de trabalhos referindo a relação entre a diabetes e doença periodontal. A concepção atual da doença periodontal leva em consideração o caráter multifatorial, uma vez que o hospedeiro está incluído em um conjunto de variáveis, que na saúde, acha-se em equilíbrio, além disso o interesse dos pesquisadores está voltado cada vez mais, para determinar fatores do hospedeiro que provavelmente aumenta o risco dessa doença, são intensivas as investigações científicas visando comprovar possíveis relações entre infecções bucais e doenças sistêmicas, neste contexto o diabetes é um importante elemento a ser considerado (MONTEIRO; ARAÚJO; GOMES, 2002).

Alguns estudos sobre doença periodontal em portadores de diabetes revelam que a severidade, a prevalência e a incidência da doença periodontal são maiores em portadores destes distúrbios endócrinos, quando comparados com indivíduos metabolicamente saudáveis e que de um modo geral, as manifestações periodontais se fizeram mais presentes entre os diabéticos melito tipo I do que no tipo II, o que se explica pela maior susceptibilidade desses pacientes à descompensação metabólica, e a gengivite crônica é admitido que possa acontecer, até mesmo em pacientes diabéticos compensados (SANTANA; FIGUEIREDO e cols., 2002).

Bordini (1999) afirma que tem sido reconhecido a associação do diabetes melittus com distúrbios bucais, que serão mais graves nos casos em que não estivessem controlados. Embora a sua manifestação mais freqüente e grave seja a doença periodontal, são relatados outros sinais e sintomas: xerostomia, eritema da mucosa bucal, hálito cetônico, língua avermelhada e saburrosa, aumento das paróticas, abscessos periodontais, hipertrofia gengival, reabsorção alveolar, estomatites (ulceração na mucosa bucal) e maior decorrência de cáries.

Além dos sintomas específicos da cavidade bucal existem alterações sistêmicas do diabetes que irão apresentar-se como fatores de grande importância no âmbito odontológico. É imprescindível que o cirurgião dentista tenha cuidado com o risco de infecções, pois na doença há uma deficiência na ação fagocitária pelo fato de algumas enzimas serem insulinodependentes. Dentre as alterações provocadas no sistema de defesa de um paciente diabético incluem-se alterações na quimiotaxia, adesão, fagocitose e morte intracelular dos neutrófilos. Outra alteração sistêmica, é o retardo na reparação dos tecidos bucais, pois há alteração do epitélio, porque partir da insulina obtém-se o ácido hialurânico, fator predisponente na reparação tecidual. Outro problema observado em pacientes com diabetes são alterações no tecido ósseo, havendo tendência à osteoporose (LAUDA; SILVANA; GUIMARÃES, 1998).

Esse estudo reforça a necessidade de integrar o cirurgião dentista no contexto das equipes multidisciplinares da saúde pública em programas de atendimento a pacientes diabéticos.

Este trabalho propõe-se a obter mais informações que influenciem sobre a saúde bucal de pacientes com diabetes tipo I, dando subsídios para o profissional atuar junto a essas doenças metabólicas com cuidado necessário para preservar sua saúde bucal. A introdução de hábitos e comportamentos e suas conseqüências na cavidade bucal devem ser reconhecidas pelo profissional de modo que este possa interferir positivamente com o paciente, pois problemas com maior gravidade como cirurgias, perdas dentárias, tem um potencial maior para estes pacientes como já vista pela suas alterações sistêmicas como: grande risco de infecções, alterações na cicatrização pela alteração do epitélio e também alterações no tecido ósseo (MONTEIRO; ARAÚJO; GOMES, 2002).

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Autora

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Cristhiane Amaral

Odontopediatra e Opne

 Presidente Prudente, SP

Professora da Universidade do oeste Paulista - Unoeste

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